terça-feira, 8 de novembro de 2011

DESCOLORAÇÃO...MANDE O MEDO DE FAZE-LA EMBORA


Descoloração sem erros

Apesar de ser uma das técnicas mais realizadas no salão, a despigmentação capilar ainda gera muita polêmica. Aqui, um guia para deixar tudo às claras
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Michel Dervyn
 
A confusão já começa pelo nome: descoloração, despigmentação e decapagem são a mesma coisa. Porém, esta última está em desuso, principalmente por quem não quer parecer out. Isso porque o termo teve seu auge nos anos 1950 e 1960, quando a coloração não tinha tecnologia suficiente para tingir os fios – primeiro, era preciso fazer uma limpeza dos pigmentos para só então aplicar a cor. Outra confusão clássica é achar que dá para usar tintura no lugar de descolorante. “É impossível comparar a atuação desses dois produtos. Tudo bem que a tinta clareia e colore ao mesmo tempo, mas ela não vai além de quatro tons, enquanto o descolorante aumenta até dez e permite fazer mechas”, diz o cabeleireiro Eron Araújo, do salão Studio W Iguatemi, em São Paulo.

Como descolorir não tem receita, para acertar a mão, literalmente, é preciso compreender o mecanismo de ação do produto e ficar craque em algumas regrinhas básicas. Pronto para começar?

Por dentro do pote
O agente clareador do descolorante pode ser a amônia ou o peróxido de hidrogênio. A decisão sobre qual usar depende da situação dos fios que vão ser trabalhados. Como a amônia abre as cutículas com facilidade e rapidez, costuma ser mais usada nos virgens, médios, grossos ou escuros, o que ainda reduz o risco de eles ganharem mechas avermelhadas. Em contrapartida, o peróxido de hidrogênio age mais lentamente, o que permite ter maior controle em um cabelo claro, alisado, colorido ou com qualquer outro tipo de química. Em relação à tecnologia, uma das melhores novidades é a chamada dust free, que indica um descolorante com peso molecular maior do que a versão tradicional. “Com isso, o pó não levanta ao ser manipulado, formando uma nuvem. Isso evita o desperdício e a inalação da substância, que pode causar dor de cabeça, náusea, formigamento
no rosto e vermelhidão nos olhos, entre outros efeitos colaterais”, explica o químico Everton de Freitas, especialista em desenvolvimento de produtos capilares da Biotec Dermocosméticos, em São Paulo. Já o selo “amônia free” é usado apenas para reforçar que, em vez de amônia, o descolorante contém peróxido de hidrogênio.

Oxidar é preciso
O oxidante, também conhecido como OX ou água oxigenada, contém oxigênio em sua formulação e é o responsável por ativar o peróxido de hidrogênio ou a amônia do pó descolorante. “Verdade seja dita, a água oxigenada sozinha até consegue descolorir, mas o resultado é muito suave porque ela abre a cutícula superficialmente”, avisa Eron Araújo. Isso ajuda a entender por que quanto mais alta a volumagem do oxidante, mais acelerado é o processo de descoloração. “Como fazer mechas é um processo demorado, é normal começar com uma volumagem 10 na parte de baixo e de trás da cabeça, usar 20 ou 30 na da frente e 40 no topo. Já para uma despigmentação segura e controlada no cabelo inteiro, geralmente é usada volumagem 10 ou 20”, diz a cabeleireira Elaine Cristina Vicente, técnica da Truss, em São José do Rio Preto (SP). Em tempo: no lugar da volumagem, algumas marcas usam os números em porcentagem. Assim, 3% significa que o cosmético tem 10 volumes, 6% é o mesmo que 20 volumes, 9% que 30 volumes e 12%, 40 volumes. “Em relação à mistura de descolorante com água oxigenada, cada fabricante tem a sua receita indicada na bula. Mas geralmente eles usam a referência 1 para 1 ou 1 para 2, ou seja, uma medida de pó para uma ou duas de água oxigenada”, esclarece Sabrina Rosa, desenvolvedora de produtos da De Sírius, em Alvorada (RS).

Descoloração sem erros

Apesar de ser uma das técnicas mais realizadas no salão, a despigmentação capilar ainda gera muita polêmica. Aqui, um guia para deixar tudo às claras
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(continuação)
Toni&Guy
 
Hora de colorir
Matizar é colocar cor no cabelo e passo essencial depois da descoloração. “Nessa hora, o tonalizante é a melhor pedida porque ele tem mais pigmento do que a tintura permanente”, avisa a técnica da Truss. Segundo ela, a descoloração e a matização podem ser feitas no mesmo dia, uma seguida da outra, e no lavatório, já que o tonalizante vai agir rapidamente, em cerca de três minutos. Pode ser passado sobre a touca de silicone, se você tiver feito mechas, ou na cabeça inteira de uma só vez, se a descoloração foi realizada no cabelo inteiro ou em algumas mechas para fazer reflexos – o que, de quebra, dá uma reavivada na cor de fundo. O mesmo efeito é conseguido por quem prefere levar a cliente novamente à cadeira depois de enxaguar o descolorante, secar os fios para só então aplicar o tonalizante, porém isso vai exigir muito mais tempo e trabalho. Seja qual for a sua escolha, só não vale descolorir e mandar a cliente para casa. É que o louro despigmentado é amarelado, e para chegar em um tom de louro mais puro é preciso deixá-lo bem claro, o que pode destruir o fio. Nesse caso, a melhor opção é descolorir e, em seguida, aplicar um tonalizante para conquistar uma cor com aspecto natural.

De olhos bem abertos
O segredo para se sentir confiante ao fazer uma descoloração é conversar com a cliente sobre os produtos que ela utilizou, os cuidados que tem em casa e analisar a resistência do fio. Mesmo que ele seja virgem, o teste da mecha é fundamental. E fazer é fácil: separe um tufo na região da nuca e aplique o descolorante. Aguarde o tempo de pausa recomendado pelo fabricante, enxágue e verifique se ele está resistente – se o procedimento. Mas se estiver forte, pode aplicar o produto no restante da cabeleira. E lembre-se: alisamento e descoloração podem ser feitos no mesmo cabelo, mas nunca no mesmo dia. “O ideal é dar um intervalo de pelo menos 15 dias entre os procedimentos para não fragilizar a fibra capilar e, nesse meio tempo, pedir para a cliente fazer hidratações semanais com queratina”, indica Everton de Freitas. Porém, descolorante não combina com alisante que colore, caso do henê, que pode quebrar os fios.

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